sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Estímulos e sensibilidade nos superdotados

Em geral, o que caracteriza uma criança com superdotação é, além das altas habilidades que possui para uma determinada área, o modo com que absorve as informações que lhes são passadas. Ou seja, normalmente, todas as crianças de uma sociedade recebem, em maior ou menor grau, os mesmos estímulos. O que muda, com relação ao superdotado, é a forma como o indivíduo percebe e organiza esses estímulos.
O processo de organização dos estímulos é, claro, muito envolvido com o que a família e a sociedade em que a criança vive pensa e comulga em suas ações. Desta forma, uma família religiosa poderá interpretar um acontecimento social de uma forma enquanto uma família desligada de religião de outra. O que acontece é que a criança recebe também um pouco dessas ideias, ou seja, tende a pensar daquela forma, mas, no caso do superdotado, em geral, ele terá sempre um pensamento diferente do generalizado pelo seu meio e é por isso que digo que a superdotação é incontextualizada, ou seja, fora do contexto de convivência típico da criança. 
Voltando ao assunto de estímulos. Em geral, o indivíduo com altas habilidades tende a olhar o mundo de outra forma, repudiando comportamentos que o seu contexto de convivência aplaude ou aclamando comportamentos que a sociedade de convivência tende a rejeitar (um exemplo clássico é o do jovem que não quer conviver com pessoas de sua idade, pois não gosta das mesmas coisas que os outros e prefere se relacionar com adultos). Aí entra o que muitos chamam de rebeldia, principalmente quando se fala no adolescente superdotado. Porém, vejamos que a rebeldia, psicologicamente analisada, é um comportamento socialmente anormal a um estímulo. Cabe a nós olharmos se este comportamento tem ou não fundamento.
O olhar diferente para o mundo, como falamos, deve ser moderado. Em muitas ocasiões, não passará de uma fase, mais em outras, persistirá por toda a vida. A moderação de percepção deve ser feita, caso seja prejudicial, inicialmente pelos pais, de forma sutíl a fim de não gerar mais revoltas e, caso não obtenha sucesso, o apoio de um psicólogo pode ser necessária.
Quando a percepção diferencida é benéfica, vale a pena incentivá-la e aí devem os pais alimentarem aqueles pensamentos no filho, discutindo, debatendo ideias, etc. Esta será uma grande oportunidade para os pais se aproximarem ainda mais dos filhos de forma sádia a fim de ganhar confiança e respeito e até mesmo para desenvolver mais a intelectualidade do filho.
Outro ponto interessante de olharmos é que o superdotado tem uma característica muito interessante quando se fala em sensibilidade. Normalmente, sempre vai sentir mais as coisas do que as outras crianças. Essa excessiva sensibilidade se dá devido ao fato de ter a criança uma curiosidade  maior de observar e analisar quase tudo o que o rodeia.. 
Com relação a excessiva sensibilidade emocional, temos que a criança superdotada tende a chorar com mais facilidade, se comover a dor do outro mais fácilmente, ficar extremamente triste com assuntos que não requeriam tanta tristeza, etc. 
Observemos um caso fictício sobre o sentimento de tristeza, que nos dará maior compreensão sobre o assunto.
Joana é uma menina muito linda de pouco mais de sete anos que adora receber elogios pelas belíssimas pinturas que faz. É muito estudiosa e sempre foi altamente talentosa para as artes. Certo dia, na aula de educação artística, cujo assunto era "gênios da arte", a professora fez a seguinte colocação:
- Da Vinci foi um dos maiores gênios da pintura de toda a história. O Brasil jamais teve e possívelmente jamais terá um artista como ele.
Inexplicávelmente, a menina chegou em casa triste e se isolou em seu quarto, não atendendo aos convites dos pais para desenhar e pintar, o que aliás, ela mais gostava de fazer. Joana não queria fazer nada e, nesta mesma noite, se pôs a chorar.
Os pais, desligados, nada perceberam.
E aí, o que motivou esta repentina tristeza em Joana? Para desvendarmos o mistério, peço que observem a frase: "O Brasil jamais teve e possívelmente jamais terá um artista como ele." Agora notem mais profundamente este trecho: "jamais terá um artista como ele". Deu para perceber? A criança simplesmente se chateou por sugerir que a professora a tenha subestimado em dizer que o país jamais teria um artista como Da Vinci. Para os superdotados, quanto mais elogios receberem melhor será. Nesta passagem vimos que, para a professora, o que fez foi tão somente uma colocação de aula, mas para Joana, a monitora subestimou suas capacidades artísticas, dizendo que não poderia ser uma ótima artista como foi Da Vinci. Isso a feriu profundamente. Da citação acima dá para tirar uma pequena dimensão quanto a dificuldade de se educar um superdotado. Apenas seis palavrinhas causaram toda uma tristeza na vida de uma criança.
O ser superdotado terá uma gama de pensamentos capazes de serem gerados para cada ação, por isso é de extrema importância que a família e a sociedade saibam como lidar com o indivíduo a fim de manter uma relação saudável com o pequeno. Mas deixemos sempre claro:  A criança, antes de ser superdotada, é uma criança que precisa de afeto como ou até mais que as outras.

Referências Bibliográficas:
- Revista Esfinge: A partir da pupila do superdotado, Estela Álvares Baraza.

Romes

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