segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Fase inicial do desenvolvimento da superdotação de formação

A manifestação da superdotação está longe de ser algo meramente marcado, porém, quando se fala dos superdotados de formação, observa-se algumas características emocionais que, normalmente, antecedem a formação do indivíduo superdotado. Vale lembrar que estas características não são fatores formadores da superdotação, visto que disso já tratei em outro post. 
Normalmente, a superdotação de formação começa a aparecer a partir dos 11, 12 anos, no qual a criança já é mais capacitada a manifestar uma personalidade própria e, além disso, começa a descobrir o mundo e formar seus interesses. Aí está uma das principais características, marcada pela curiosidade (sentimento primário). Isso normalmente ocorre perante a certa excitação (o estímulo motivador), que se dá ou por um filme, seriado ou algo que inspire a criança a estudar o assunto. Esta é uma das fases mais promissoras da superdotação, porém, são raros os casos de "interesses" que realmente resultem em altas habilidades. Nesta etapa, a criança ou adolescente costuma ficar inquieto, interessado e se envolver muito com o assunto interessado. A internet é uma grande parceira para que o processo se transcorra normalmente.
Voltando aos estímulos motivadores, notamos que o instinto de busca da curiosidade em praticamente todos os casos desperta algo no indivíduo e realmente este sentimento secundário que será o projeto de superdotação. O projeto de superdotação é, simples e basicamente, o fim esperado pelo indivíduo perante os conhecimentos adquiridos. Por exemplo, um superdotado artístico normalmente terá como projeto de superdotação se tornar um grande artista, e, em geral, os projetos de superdotação sempre estão relacionados com o futuro. O sentimento secundário (lembrando que o primeiro é a curiosidade) gerado pela observação de um estímulo motivante resulta no projeto de superdotação pelo fato de ele ser normalmente a verdadeira e real motivação do superdotado. Ok, tudo bem que a curiosidade é um fator importantíssimo, mas o sentimento motivante verdadeiro é realmente o que gera o projeto de superdotação. Todos os superdotados aprendem ou desenvolvem algo esperando outra coisa em troca daquilo, mesmo que inconscientemente.
Após alguns dias, a fase de curiosidade ou ficará apenas nisso ou se transformará numa possível segunda etapa da superdotação. Os interesses se transformam em pesquisa e aí sim, o indivíduo terá uma necessidade de pesquisa moderadamente capaz de satisfazer o seu intelecto.
Apesar de tudo, apenas a partir de a criança ter conseguido altas e não contextualizadas habilidades em algo, ela poderá ser considerada superdotada.

Romes

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Categorias de formação do superdotado

Normalmente, a superdotação é sempre cercada de muito misticismo por alguns leigos. Em via disso, decidi escrever mais sobre a formação do superdotado, onde falarei neste artigo sobre as duas classes que, por enquanto, considero relevantes quando se fala de superdotação.
Inicialmente, existem os superdotados naturais. Estes são muito raros, pouco os vemos, mas seu número parece ter aumentado nos dias atuais. São aqueles que parecem nascer com o conhecimento referente a superdotação. São aquelas crianças que, aos dois anos, conseguem fazer coisas mirabolantes, deixando todos encantados e alguns até perplexos. Para exemplificar, analisemos o caso da menina Aelita Andre, cuja foto estampa o logo deste blog.
Aelita, hoje, com 5 anos.
Aelita é australiana e atualmente considerada a maior revelação das artes visuais dos últimos tempos. Certo dia, quando menos de um ano carregava, o seu pai, ao se dispor a pintar amistosamente, viu que a criança demonstrava grande interesse pela pintura e, inclusive, tomou certa quantidade de tinta e ainda com pouquíssima idade, realizou sua primeira obra de arte. O que é estranho é que o que foi pintado corresponde ao estilo do impressionismo britânico, escola que desapareceu após a morte de seu último artista, em 1956, num acidente de carro. Para aqueles que achavam que a pintura não passava de uma "arte" (no sentido de bagunça), a menina, poucos meses depois, viria a pintar outros quadros, sendo estes, altamente elogiados pela crítica local. O valor de seus quadros ultrapassou os 10 mil dólares.
Notamos claramente e de maneira inical, que se trata perfeitamente de um talento que parece estar irraizado na criança. Explicações para isso? A ciência moderna propõe teorias, mas nada ainda que esteja realmente concreto sobre o caso, que, a exemplo de muitos outros de superdotação natural, levantam inúmeras hipóteses de diferentes naturezas.
De modo incial, dizemos que o superdotado natural é aquele que manifesta sua arte ainda muito precocemente, com idade média igual ou inferior aos 3 anos. Mas aviso primariamente que devemos analisar cada caso para não levantar falsas suposições a cerca de qualquer classificação de superdotação.
O que é bom dizer também é que os superdotados naturais estão muito relacionados com o fenômeno que chamamos de genialidade. Isso porque o fenômeno se apresenta de forma tão estranha que levanta hipóteses sobre o quão alta é a habilidade daquela criança.
Outro grupo interessante para analisarmos é o dos superdotados de formação, ou formados. Estes são os que, a partir de tal idade, mostra altas habilidades muitas vezes como consequência da predileção e estudo de algo.
Se a superdotação se manifestar em contexto escolar, muitas vezes, temos um superdotado de formação, porque é evidente que normalmente a criança já está numa idade mais avançada. Aquela criança que é excelente em matemática, por exemplo, é um superdotado intelectual formado, tendo em vista que a habilidade se manifestou a partir de um conhecimento prévio sobre algo ou a partir de estímulos exteriores, o que não acontece muito no grupo de superdotados naturais. 
Para critérios de observação, como já vimos, o apresso por algo não é característica só do superdotado natural, pois a simpatia é comum na grande maioria dos indivíduos que detém a sobredotação.
Desta forma, se as altas habilidades parecem nascer juntas ao indivíduo, manifestando muito precocemente, constata-se um superdotado natural, e se, ao contrário, demoram alguns anos e, podendo demandar certos estímulos para o desenvolvimento, temos um superdotado de formação ou formado.  

*Obs.: Para aqueles que se interessarem em saber mais sobre Aelita, a família da menina mantém um site na internet, www.aelitaandreart.com (em inglês), e o portal de vídeos youtube traz diversas peças da menina.

Romes Sousa

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Fatores de formação da superdotação

Existem fatores essenciais que contribuem para a formação dos superdotados, assim como para qualquer outro grupo social que se pretenda referir. Analisemos abaixo os fatores mais importantes.

- Fator genético: Sabendo que a superdotação está longe de ser um fenômeno puramente psíquico, notemos que a ciência atual já provou que a personalidade também não é composta tão somente por fatores psicológicos, mas também, pela herança genética. O que ocorre não é tão precisamente que o superdotado deverá "puxar" a superdotação dos pais, mas, terá maior disposição de base neurobiológica em desenvolver altas capacidades. Isso se verifica também quando dizemos que tal criança tem mais predisposição genética para aprender matemática do que português. O que ocorre é que no superdotado, os fatores genéticos estarão normalmente muito mais aguçados no que se refere a propagação dos estímulos nervosos, tese consideravelmente aceita para explicar a superdotação. Logo, volto a confirmar, a genética pode determinar predisposição, mas não dará certeza de superdotação. Muito relacionado aos superdotados naturais (grupo raro).

- Fator social: Como já disse diversas vezes em posts anteriores, os fatores sociais são decisivos para a criação de um alicerce propício para a formação do superdotado. Nas crianças com altas habilidades, o que se nota com frequência é a presença de certos sintomas de psicopatologias relacionadas a depressão, stress e ansiedade. Assim sendo, a sociedade serve como fator impulsionador, na maioria das vezes, para a formação das altas habilidades. Neste grupo de fatores, enquadro também os papéis de pai e escola na formação da criança superdotada.

- Fatores individuais: Cada ser é próprio, logo, responde a estímulos de forma diferente. O que vai então servir para a formação de um superdotado é, quase que primordialmente, os fatores individuais. De nada adianta ter fatores genéticos e sociais favoráveis se não se tem vontade em aprender e crescer mais. Quando falo dos fatores individuais, estou falando da vontade e do esforço pessoal da criança ou do jovem em aprender mais e romper os limites da ignorância muitas vezes impostos pela sociedade. 

É importante que se averigúe também que os três fatores são alicerces dispensáveis para uma formação qualitária do superdotado. Não excluamos também as possibilidades da criança não contar com nenhum destes fatores e desenvolver altas habilidades. A ciência em geral e, sobretudo, a Psicologia da Superdotação está recheada de exceções que sempre nos convencem de que por mais que estudemos, o ápice do conhecimento ainda está distante de nossa vista.

Romes Sousa

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Diferença entre talento, superdotação e "genialidade"

Acompanhava um interessante vídeo sobre superdotação na internet, que ainda não havia assistido quando me deparei com a frase: "Talentos, todo mundo tem, superdotação, não, só alguns." Como podemos entender esta frase, que, por sinal, está correta?
O talento é uma habilidade para alguma área. Todos tem algum talento. Entrando no campo da Psicologia Infantil, notamos: existem crianças que gostam mais de desenhar e desenham melhor que escrevem. O desenho é um talento para elas. Normalmente, o talento é muito relacionado ao gostar, de modo parecido com a superdotação. A própria didática social de colocar como bom aquele que é melhor que os outros gera, inconscientemente, o gosto da criança pela área em que é boa.
Se formos olhar em algum dicionário, encontraremos a seguinte definição para talento: "capacidade, distinta aptidão, habilidade natural...". Por ser um potencial que se manifesta muito menos fervorosamente que a superdotação, o talento tende a não assustar tanto, porque parece normal naquele contexto. Exemplo: uma criança que gosta de jogar futebol e joga bem.
Agora quando falamos em superdotação, devemos ter exclarecida a definição: caracterização de uma habilidade maior e incontextualizada de uma criança (no contexto da Psicologia Infantil) para alguma área. Ok. Destaquemos alguns pontos. O primeiro é: "caracterização de uma habilidade maior", ou seja, o potencial da superdotação é muito maior do que o do simples talento, que é apenas uma habilidade. O segundo é: "incontextualizada", ou seja, fora do contexto real daquela criança, estranho, anormal, um exemplo é de uma criança que, aos quatro anos, parece dominar grandes instrumentos musicais e tocá-los com perfeição. Isto é anormal para o contexto de convívio daquela criança, em comparação com o restante da sociedade. Terceiro "...para alguma área". Observe que tanto talento quanto superdotação, quanto até mesmo os casos que prefiro chamar de "genialidade", o superdotado, o talentoso ou seja lá qual nome você queira designar não é obrigatoriamente bom em tudo. Claro, ele terá uma área que o fará destaque, mas nem por isso tem que ser bom em todas as áreas, o que é, aliás, raríssimo. A noção acima apresentada, de que o superdotado devia saber tudo, era compartilhada em tempos antigos.
Quando eu uso a expressão, que muitos pesquisadores não gostam, genialidade, eu quero designar um conjunto "acima" dos superdotados comuns, ou seja, pessoas com habilidades muito grandes que se diferenciam dos demais superdotados. Exemplo: a criança, com 3 anos, ter conhecimentos avançados de Medicina. Esta é superdotada? Claro, porém, uso a expressão genialidade para abranger esta classe mais rara e incomum do fenômeno das altas habilidades. Ao falar de genialidade, me refiro, a fim de diferenciá-la da superdotação, ao seguinte fato: na genialidade, o indivíduo tem acesso a informações que não só estão incontextualizadas a sua realidade, mas que estão muito além do que a estrutura mental e física da criança poderia absorver. É como no caso apresentado. Uma criança de três anos não tem jamais o cérebro e a mentalidade preparada para aprender Medicina avançada. 
Reflito também que não quero causar "confusões" com os companheiros da Psicologia por falar de genialidade. Digo que o termo é simples e meramente uma questão de nomenclatura, nada mais. 
Voltando ao tema do artigo, em síntese, o talento é uma habilidade simples de alguém para alguma área, normalmente ligada a aptidão natural, sem causar estranheza nem qualquer outro empecílio. A superdotação é a caracterização de uma habilidade maior e incontextualizada do indivíduo para alguma área, sendo neurologicamente associada a alta velocidade de propagação dos impulsos nervosos (teoria mais aceita atualmente). A genialidade é um termo de uso próprio, que simplesmente designa um grau maior de superdotação, no qual o indivíduo normal não tem de forma alguma características físicas  e psicológicas de assimiliar aquele conhecimento.

Deixo a seguir vídeos interessantes sobre superdotação para caso alguém queira assistir:

 
Série Superdotados - TV Tribuna (01)

 
 Série Superdotados - TV Tribuna (02)

 
Série Superdotados - TV Tribuna (03)

Romes Sousa

Podemos formar superdotados?

Uma pergunta que não cala quando se fala em superdotação é: é possível formar superdotados? Inicialmente, porém, preciso voltar a posts anteriores onde defino o fenômeno de superdotação como sendo a caracterização de uma habilidade maior e incontextualizada de uma criança (no contexto do presente artigo) para alguma área.
Não vejo com excelentes olhos a ideia de que o pai possa criar por conta própria, um superdotado, pois, como Nietzhce disse, cada criança é de um jeito, logo, responderá a estimulos de formas diferentes e é por isso que a forma de se educar não deve ser igual para todos, mas sim equivaler a forma de aprendizado de cada criança.
Porém, embora o pai não possa garantir que a criança será diferenciada, poderá encaminhá-la. É aí que entra a educação. Em verdade, a existência do fenômeno de superdotação se dá, entre outros motivos, pelo fato de a sociedade atual ter um desparâmetro no que diz respeito a educação, ou seja, uma criança é devidamente educada e a outra é má educada, então a primeira terá maiores chances de ser futuramente considerada superdotada. Voltando a questão do encaminhamento do processo de superdotação. O que podemos fazer?
Uma dica importante está no incentivo: incentive seu filho a se interessar por algo. Ele precisará gostar de alguma coisa nem que esta seja futebol ou funk (com respeito as categorias). Desde a infância, ampare seus filhos a gostar de alguma coisa, seja ela qual for. Incentive suas pesquisas, leituras, compre livros, dê apoio. Aliás, é difícil ver com bons olhos uma sociedade na qual um adulto acha coerente pagar R$ 100,00 em um salão de beleza e não tem coragem de comprar um livro de R$ 50,00 para o filho ler.
Outro artefato que podes usar é não dar maus exemplos ao seu tutelado. O mundo já está cheio de dejetos inteligentes, não seja mais um. Ensine seu filho a se interessar pelo mundo e a dominar seus próprios sentimentos.
Tente não dizer a típica frase: "Você é muito pequeno para isso!". Entenda: se seu filho se interessa por algo, ele não é tão incapaz assim de pensar. Dê instruções e alimente a curiosidade do seu guardado, acompanhando um sistema acessível a idade e a condição da criança. Invista no conhecimento. 
Uma situação que preciso deixar clara é: muitos pais não tem condições de comprar dois, três livros por mês para seus filhos. Isso não é problema. Eduque a criança desde cedo a forma correta de utilizar o computador. A internet tem inúmeros ebooks e textos bons e gratuitos a disposição de todos, basta procurar.
Algo que já disse neste e em outros artigos e não canso de repetir para os pais e educadores é: quando se fala de superdotação, existe outra palavra que precisa andar ao lado: apoio, incentivo, força. Os pais, principalmente, são as principais convivências da criança, assim sendo, quanto mais você apoiá-lo para bons caminhos maior será a dificuldade de ele se envolver com coisas incorretas.
Enfim: o incentivo do pai constituirá, para quem quer "formar um superdotado", a primeira coisa a fazer. Os exemplos (leitura de livros, assistir um educativo programa na TV, ler boas revistas) alicerçarão o incentivo. Quando seu filho começar a gostar de algo, apoie de todas as formas que puder mas esteja ciente: ele é versátil, pode mudar de opinião. Se você for um pai psicologicamente participativo na vida de seu filho desde o começo, terás grandes chances de acompanhar estas mudanças.
O interesse da criança para a pesquisa e leitura é a "certidão de nascimento" do superdotado, mas, não esqueçamos que tudo é um processo, por isso é importante o acompanhamento dos filiais. Não é regra que alguém que se interessava por música deverá se tornar excelente em música. Avaliemos as disposições. Mas o interesse é a porta de entrada para o estudo e, se tudo der certo, para a futura prática daquela atividade.
Fora dos "milagres" que a realidade tanto vem nos oferecendo, a boa educação é a única forma de encaminhar um superdotado. Porém, não pense que estando seu filho com oito, nove anos que agora o senhor (a) poderá corrigir todos os maus exemplos do passado, porque o que já se foi não se apagará. Porém, não desista, nunca é tarde para recomeçar, mas saiba que com a criança maior tudo será mais difícl. É importante que a ética e a intelectualidade venham de berço, não importando para isso classe social ou qualquer outro fator. Se cada pai educasse positivamente seus filhos, teríamos um futuro muito melhor, pena que são poucos os que fazem isso!

Romes Sousa

Convite


Romes Sousa

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Afinal, porque crianças "ótimas" tornam-se adolescentes tenebrosos?

Um fato não estranho para aqueles que lidam de perto com crianças e adolescentes está na seguinte queixa de muitos pais: "Meu filho era ótimo quando criança, mas depois que cresceu, as notas caíram, ele ficou rebelde, não quer mais ir na igreja, etc." Uma ressalva que devemos fazer quanto a tais falas: o atual jovem não era uma ótima criança, apenas não havia despontado todas as suas índoles. Isso é facilmente verificado se nos basearmos em conhecidos princípios da psicologia: ninguém é igual a ninguém, ou seja, você poderá educar o seu filho de uma forma, mas atente-se a forma com que ele absorve o conteúdo que para ele é passado. Todos têm uma forma de aprender e ver o mundo, o desenvolvimento de futuros males nem sempre é culpa dos pais ou da família, mas certamente será apenas uma força gerada pela personalidade do indivíduo.
Analisemos, no entanto, as situações circundantes observando o papel do meio nas transformações que discutimos. O que formará um mal jovem será não apenas um, mas uma grande diversidade de "desastres psicossociais", ou seja: muitos fatores contribuirão para que aquela antiga boa criança se torne um adolescente ruim, entre os quais:

- Influência de amigos: Muitas crianças chegam a fase de adolescente com uma certa carência de afetividade ou amizade verdadeira. Um dos fatores que motiva isso é claramente a mudança psicológica que começa a acontecer na cabeça do jovem. A partir do momento em que se vê crescido e "dono de si mesmo", tenderá a querer aproveitar tudo aquilo que a infância não o trazia, ou o dava, mas de outra maneira. O que ocorre é que em busca de uma identidade nova muitos jovens se envolvem com grupinhos de amizade que tem como objetivo único a farra e a diversão, combustíveis para a "felicidade juvenil", que se desperdiça em uma sociedade que não almeja futuro, apenas presente.

- Família: O contexto de convivência mais próximo do jovem, no caso atual, a família, tende a "deixar" relativamente os antigos cuidados que tinha com o filho, porque alguns, em especial os pais (sexo masculino) tendem a ver o filho como "homenzinho", abrindo as "asas" do filho para o tão falado "novo mundo" que a juventude traz. Falta sobretudo, quando o assunto é família, cobrança. A educação deve começar a infância. Uma criança devidamente educada na fase inicial da vida dificilmente se tornará um jovem infeliz.

- O anarquismo: É de praxe que a criança se sente a "toda poderosa" quando passa para a fase de adolescente, ao menos, este é o sentimento comum no início do período em questão. Daí vem um mundo de possibilidades que inclui, para alguns, a contrariedade com o sistema, a aversão a princípios e dogmas, o conhecimento e desbravamento do novo, etc. Logo a família e as amizades aí desempenharão fator providencial. Digo porém que com relação a primeira não a cabe impedir o filho de conhecer as novidades do mundo, o que devem ter em mente os pais é que o seu papel é o de educar, e isso implica em orientar e conversar. Já as amizades são veículos que impulsionam toda a "revolução" daquele novo jovem. Muitas vezes nós nos deparamos com verdadeiros sanguessugas. E o que são sanguessugas? Pessoas que não agem por conta própria, apenas vão atrás das ideias alheias, muitas vezes nem importando com suas lógicas ou efeitos. A rebeldia sanguessuga parece muito mais acessível a jovens que não se acostumaram a pensar e sim a copiar pensamentos. É um processo que sucede desde a infância. Está aí um dos motivos pelo qual quando uma moda inicia, ela tende a consumir o mundo jovem.

E o que fazer para lidar com tudo isso?

Inicialmente, os pais devem se colocar no lugar que os cabe, ou seja, serem realmente pais. É seu dever orientar, educar e modelar a educação do filho desde cedo. Não queira que depois de grande o mal filho se torne bom, porque isso raramente acontece. A escola deve contribuir, na educação infantil para a formação de um indivíduo que saiba lidar com o meio que o cerca, mas, sem a menor dúvida, a maior responsabilidade para tanto é a dos pais.

Sugestões aos pais:

01-  Comece, desde cedo, a levar o seu filho em lugares culturalmente atrativos, como teatros, cinemas e bibliotecas;
02- Incentive a prática religiosa. Ela dará a criança um certo grau de responsabilidade e comprometimento com o meio que o circunda.
03- Leia próximo e/ou com o seu filho. A leitura será uma grande ferramenta para ele futuramente. Será ela que evitará que o jovem se torne um sangessuga.
04- Incentive as pesquisas e leituras sobre assuntos de seu interesse. Mostre para a criança desde cedo que você apoia suas vontades (claro, sádias) e que gosta que ela pesquise e leia sobre o que a interessa.
05- Organize horários. Isso será bom para tornar o seu filho organizado. Faça isso mesmo depois de grande.
06- Se coloque e exerça o seu papel de pai (ou mãe). Você é o responsável pela educação de seu filho. Saiba disso.
07- Saiba o que o seu filho faz e procure orientá-lo, mesmo que de forma indireta sobre os erros que pode cometer.
08- Modere os investimentos para seu filho. Você não é obrigado a dar tudo o que sua criança pedir, apenas o que por ventura achar necessário.
09- Ousa o que os outros têm a dizer sobre sua criança. Você não é o dono da verdade. Avalie o que os professores e demais educadores dizem e tente corrigir os defeitos.
10- Converse! Mantenha um diálogo bom e tranquilo com o seu filho. Fale e ousa.

Romes Sousa